quarta-feira, 22 de abril de 2009

A lenda do pequi




















Tainá-racan tinha os olhos cor de noite estrelada. Seus cabelos desciam pelas espáduas com um tufo de seda negra e luzidia. O andar era elegante, cadenciado, macio como o de uma deusa passeando, flor entre flores, no seio da mata. Maluá botou os olhos em Tainá-racan e o coração saltou, louco e fogoso, no peito do jovem e formoso guerreiro. "Ela é mesmo linda como a estrela da manhã. Quero-a para minha esposa. Hei de amá-la enquanto durar a minha vida!"

Doce foi o encontro e, juntos e casados, a vida dos dois era bela e alegre com o ipê florido. De madrugada, Maulá saía para a caça e para a pesca, enquanto a esposa tecia os colares, as esteiras, moqueava o peixe, preparando o calugi para ofertar ao amado, quando ele chegasse com o cesto às costas, carregado de peixe e frutas, as mais viçosas, para oferecer-lhe.

O tempo foi passando, passando. No enlevo do amor, eles não perceberam quantas vezes a lua viajou pela arcada azul do céu, quantas vezes o sol veio e se escondeu na sua casa do horizonte. Floriram os ipês. Caíram as flores. Amareleceram as folhas, que o vento levava em loucas revoadas pelos campos. Os vermelhos cajus arcavam de fartura e beleza os galhos dos cajueiros. As castanhas escondiam-se no seio da terra boa. Rebentavam-se em brotos, e novos cajueiros despontavam. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia e sua vida evolava-se, aos poucos, em cada nota de seu canto. Nascimentos, mortes, transformações e os dias andando, andando.

Após três anos de casamento, numa noite bonita, em que o rio era um calmo dorso de prata à luz do luar e os bichos noturnos cantavam fundas tristezas e medos, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-racan e apertou-a com ternura. No olhar de ambos, há muito, havia uma sombra. Nenhum deles tinha a coragem de falar. Uma palavra de mágoa, temiam, poderia quebrar o encanto de seu amor. A beleza da noite estremecia o coração sensível de Tainá-racan. Ela ajuntou a alma dos lábios e perguntou com voz trêmula, em sussurro:

-Estás triste, amado meu? Nem é preciso que respondas. Há tempo vejo uma sombra nos teus olhos.

-Sim, respondeu o valente guerreiro. Tu sabes que eu estou triste e tu também estás. A dor é a mesma.

-Onde está nosso filho que Cananxiué não quer mandar?

-Sim, onde está nosso filho?...

Maluá alisou com carinho o ventre da formosa esposa. "E o nosso filho não vem", murmurou. Dois pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces coradas de Tainá-racan. Um vento forte perpassou pela floresta. Uma nuvem escura cobriu a lua, que não mais tornava de prata as águas mansas do rio. Trovões reboaram ao longe. Maluá envolveu Tainá-racan nos braços e amou-a. "Nosso filho virá, sim. Cananxiué no-lo mandará".

Quando os ipês voltaram a florir, no ano seguinte, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada como os da mãe e era forte como o pai. Mas, havia nele algo diferente, algo que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira: Uadi tinha os cabelos dourados como as flores do ipê. Maluá recebeu o nascimento do filho como um presente de Cananxiué. Seu coração, contudo, estremeceu com a singularidade dele. Começou a espalhar pelo tribo a lenda de que o menino era filho de Cananxiué. O menino crescia cheio de encanto, alegria e de uma inteligência incomum. Fascinava a mãe, o pai, a aldeia, a tribo toda. Com rapidez incrível aprendeu o nome das coisas e dos bichos. Sabia cantar as baladas tristes e alegres que a mãe ensinava. Era a alegria e a festa da mãe, do pai, da tribo.

Um dia, Maluá, com outros guerreiros, foi chamado para a luta. Os olhos pretos de Tainá-racan encheram-se de lágrimas. O rostinho vivo de Uadi se ensombreceu. À despedida, seus bracinhos agarram-se ao pescoço do pai e ele falou: "Papai, vou-me embora para a noite, depois, chegarei à casa de Tainá-racan, a mãe, lá no céu". E seu dedinho róseo apontou o horizonte. O corpo de bronze do guerreiro se estremeceu. Seus lábios moveram-se, mas as palavras teimavam em não sair. Ele apertou, com força, o menino nos braços e, por fim, falou: "Que é isso, filhinho, tu não vais para lugar nenhum, nenhum deus te arrancará de mim. A tua casa é a casa de tua mãe, Tainá-racan, aqui na terra, e a de seu pai. Se for preciso, não partirei para a guerra. Ficarei contigo".

Nesse momento, Cananxuié, o senhor de todas as matas, de todos os animais, de todos os montes, de todos os valores, de todas as águas e de todas as flores, desceu do céu sob a forma de Andrerura, a arara vermelha, e gritou um grito forte: "Vim buscar meu filho!" Agarrou-o e levou-o pelos ares. Tainá-racan e Maluá caíram de joelhos. O guerreiro abriu os braços gritando: "O filho é nosso, sua casa é a de sua mãe, Tainá-racan, aqui na terra! Devolve meu filho, a Cananxiué! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silêncio. O peito do guerreiro palpitava de sofrimento como uma montanha ferida pelo terremoto. O velho chefe guerreiro aproximou-se dele, bateu-lhe no ombro e bradou: "Teus companheiros já partem. Maior que tua dor é tua honra de guerreiro e a glória de nossa tribo! Vai, meu filho, Cananxiué buscou o que é dele. Muitos outros filhos ele te dará. Tainá-racan é jovem. Tu és jovem. Vai, guerreiro, não deixa a dor matar sua coragem!"

Maluá partiu. Tainá-racan encostou a fronte na terra, onde pouco antes pisavam os pezinhos encantados de Uadi. Chorou. Chorou. Chorou três dias e três noites. Então, Cananxiué se apiedou dela. Baixou à terra e disse: "Das tuas lágrimas nascerá uma planta que se transformará numa árvore copada. Ela dará flores cheirosas que os veados, as capivaras e os lobos virão comer nas noites de luar. Depois, nascerão frutos. Dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de teu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível que aquele que provar do fruto e gostar, amá-lo-á para jamais o esquecer. Como também amará a terra que o produziu. Todos os anos, encherei, generosamente, sua copa de frutos, que os galhos se curvarão com a fartura. Ele se espalhará pelos campos, irá para a mesa dos pobres e dos ricos Quem estiver longe e não puder comê-lo sentirá uma saudade doida de seu aroma. Nenhum sabor o substituirá. Ele há de dourar todos os alimentos com que se misturar e, na mesa em que estiver, seu odor predominará sobre todos. Ele há de dourar também os licores, para a alegria da alma".

Tainá-racan ergue o olhar, aquele olhar onde brilhou a primeira estrela da consolação. E perguntou ao deus:

-Como se chamará, Cananxiué, esse fruto, cujo coração são os espinhos de minha dor, cuja cor são os cabelos de ouro de Uadi e cujo aroma é inesquecível como o cheiro dessa mata, onde brinquei com meu filhinho?

-Chamar-se-á Tamauó, pequi, minha filha. Quero ver-te alegre de novo, pois te darei muitos filhos, fortes e sadios como Maluá. E teu marido voltará cheio de glória da batalha, pois muitos séculos se passarão até que nasça um guerreiro tão destemido e tão honrado! Ele comerá deste fruto e gostará dele por toda a vida!"

Tainá-racan sorriu. E o pequizeiro começou a brotar.

Marieta Teles Machado*

domingo, 19 de abril de 2009

Descobrimento do Brasil















A esquadra de Cabral era composta de 13 navios e saiu de Portugal no dia 9 de março de 1500, mas em vez de viajar perto da costa africana, Cabral afastou-se em direção ao Ocidente.

No dia 22 de abril, avistou um monte, que denominou monte Pascoal, e em seguida ancorou numa baía (baia Cabrália). Foi aí que os portugueses tiveram o seu primeiro contato com os índios, com o nosso solo e nossa vegetação.

Os Índios Maranhenses













A formação da cultura maranhense está muito ligada às culturas indígena e negra. Dos índios herdamos, além de traços físicos, hábitos na alimentação, modo de viver, expressões e palavras usadas no dia a dia (ex. "Hen-hem", do tupi "sim"), instrumentos musicais, danças e ritmos, lendas, mitos e alguns elementos presentes na religiosidade popular; na simplicidade da vida, na ternura dos caboclos e no apego à terra. Além disso, o estado conta com uma das maiores populações indígenas do país e a maior parte de suas reservas homologadas.

Os indígenas maranhenses compõe-se de dois grupos:

TUPI - Guajajara(tenetehára), Guajá(awá) e Kaapor.

TIMBIRA (JÊ) - Krikati, Gavião do Maranhão(Pukobiê e Pykopjê) e Canela

* informação extraída do site do Instituto Socioambiental

Primeiros habitantes do Brasil

















Os índios foram os primeiros habitantes do Brasil.Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis, macro-jê ou tapuias, aruaques e caraíbas.


Filtro-dos- sonhos Indígena























Filtra as negatividades do local...é mágico...muito utilizado pela cultura indígena para afugentar energias nocivas!



sábado, 18 de abril de 2009

A lenda da Vitória Régia





















Conta a lenda, que uma jovem índia da tribo Tupi-Guarani, chamada Naiá, queria muito ser estrela. Ela acreditava que a lua escolhia as moças mais bonitas para serem transformadas em estrelas, e para isso, procurava alcançar a lua, escalando colinas e mais colinas, sem contudo poder alcança-la.

Uma noite, vendo a lua refletida nas águas de um lago, atirou-se nele para nunca mais voltar. A lua, condoída da jovem índia, transformou seu corpo numa formosa planta que é a exótica Vitória Régia ( estrela das águas) , cujo perfume recorda os longos cabelos da bela índia.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dança da chuva

























Indiozinho veio ao mundo
entre penas e cocares
sob um céu cheio de estrelas
vai crescer cheio de vida
vai pescar para comer
vai cantar porque é preciso
Vai fazer dança da chuva
pra poder sobreviver
vai sonhar na sua rede
vai tomar banho no rio
vai dançar para chover.

Nana Pereira


Índio

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante...

Caetano Veloso




Vídeo

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Índio






















Sobre os seixos dos rios
Correm águas sagradas.
Segredos de adubo
Ressurgem no terrário
Passado de areia
Profecia de floresta
Irreversível deserto.

O índio brasileiro
Tange o tacape no tronco
Toco-oco no solo.

Teclem sobre telas
Salvem a seiva dos eucaliptos
Libertem o lápis
Lapsos de verde na mata.
Ouçam a voz do Xamã
Nas flores que o vento traz.
As últimas folhas de papel se soltam do céu.

O índio canta no rio
E a terra se abre,
O vento sagra-lhe o cocar
E o sol acende sua coroa
O grito de luta, ecoa...


de Alex Júnior Ramos Pires

Tributo aos índios
























Sob a copa frondosa do jatobá, no oco do tronco,
Abelhinhas fabricam mel medicinal.
A árvore e as abelhas médicas
Foram denominadas de “jatahy”
Pelos antigos índios tupis-guaranis.
Escrevo do próspero sudoeste goiano, de Jataí,
Da qual, dentre outras, emanciparam-se
Itarumã, Itajá, Aporé, Serranópolis.
Esta última, inicialmente chamava-se “Nuputira”,
Guarda cemitérios arqueológicos dos primeiros índios brasileiros,
Com datação de onze mil anos.
Índio mesmo, mestiçagem ou descendência,
Não restou nenhum ou nenhuma, nesta região.
Ficaram os nomes das cidades,
Dos rios, do relevo, da flora, da fauna.
Nós, brancos, negros ou mestiços,
Descendentes dos pioneiros, dos que vieram depois,
Dos que continuam chegando e dos que ainda nascerão,
Buscando ou sonhando com uma vida melhor,
O que deixaremos?


de Antônio Vilela Pereira

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Piadinha

Chegando em Porto Seguro, Pedro Álvares Cabral foi ter uma conversa com um índio:
- Ora, pois... Nativo desta terra tão bela...
Como se chamas?
- Índio chamar Bah! - respondeu ele, rispidamente.
- Bah? - perguntou o português, surpreso. - Tudo bem, tudo bem! Preciso de um favor seu, senhor Bah!
- Bigodudo falar, Bah escutar...
- A vela do meu barco apagou! Sabe como é, venta muito por aqui...
Preciso que você vá nadando até aquele outro navio e avise os meus companheiros que descobrimos uma nova terra!
- O que Bah ganhar com isso?
- Como homenagem a vossa senhoria e para que todos se lembrem que Bah foi até o outro lado da praia para oficializar esta descoberta, esta terra se chamará Bahfoi!
- Ah, não, Bah não querer ir... Bah ter muita preguiça... Melhor o senhor chamar a terra de Bahia!


Meteorologia indígena

Os índios perguntaram ao seu chefe no outono se o inverno seria rigoroso ou não.
Sem saber realmente a resposta, o chefe responde que o inverno será frio e que os membros da tribo deveriam juntar lenha para se prevenir.
Como ele era um bom líder, foi a um posto telefônico, ligou para o serviço de meteorologia e perguntou se o inverno seria ameno ou frio. A pessoa do outro lado respondeu :
- O inverno este ano será bem frio.
O chefe então voltou para sua tribo e orientou-lhes que coletassem mais lenha, só para prevenir.
Uma semana depois, o chefe liga novamente para o serviço de meteorologia:
- O inverno vai ser muito frio? - pergunta.
- Sim, vai ser muito frio. - responde o atendente.
Preocupado, o chefe mais uma vez volta para a tribo e manda coletar ainda mais lenha, e rápido.
Mais uma semana se passa e o chefe liga novamente para o serviço de meteorologia:
- Você tem certeza de que o inverno vai ser mesmo muito frio? - pergunta.
E o atendente responde:
- Com certeza, os índios estão juntando lenha feito uns loucos!!


Os Diamantes
























Segundo a lenda, um casal de índios vivia, juntamente com sua tribo, à beira de um rio da região Centro-Oeste. Ele, um guerreiro poderoso e valente, chamava-se Itagibá, que significa "braço forte". Ela, uma jovem e bela moça, tinha o nome de Potira, que quer dizer "flor". Viviam os dois muito felizes, quando sua tribo foi atacada por outros selvagens da vizinhança. Começou a guerra e Itagibá teve que acompanhar os outros guerreiros que iam lutar contra o inimigo. Quando se despediram, Potira não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o marido que se afastava em sua canoa que descia o rio. Todos os dias, Potira, com muita saudade, ia para a margem do rio, esperar o esposo. Passou-se muito tempo. Quando os guerreiros da tribo regressaram à sua taba, Itagibá não estava entre eles. Potira soube, então, que seu marido morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia chorou muito. E passou o resto da vida a chorar. Tupã, o deus dos indíos, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio. É por isso, dizem, que os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Os diamantes são as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.

Lenda do Muiraquitã





















Conta a lenda que antigamente havia uma tribo de mulheres guerreiras, as ICAMIABAS, que não tinham marido e não deixavam ninguém se aproximar de sua taba. Manejavam o arco e a flecha com uma perícia extraordinária. Parece que Iací , a lua, as protegia. Uma vez por ano recebiam em sua taba os guerreiros Guacaris, como se fossem seus maridos.

Se nascesse uma criança masculina era entregue aos guerreiros para criá-los, se fosse uma menina ficavam com ela. Naquele dia especial, pouco antes da meia - noite, quando a lua estava quase a pino, dirigiam-se em procissão para o lago, levando nos ombros potes cheios de perfumes que derramavam na água para o banho purificador. À meia- noite mergulhavam no lago e traziam um barro verde, dando formas variadas: de sapo, peixe, tartaruga e outros animais. Mas é a forma de sapo a mais representada por ser a mais original. Elas davam aos Guacaris, que traziam pendurados em seu pescoço, enfiados numa trança de cabelos das noivas, como um amuleto. Até hoje acredita-se que o Muiraquitã traz felicidades a quem o possui, sendo, portanto, considerado como um amuleto de sorte. O muiraquitã deu muito o que falar e gerou muitas controvérsias. Foi contestada inclusive sua origem, que não seria amazônica e sim asiática.

Icamiabas significa "mulheres sem maridos".

Fonte: Escola Vesper (Estudo Orientado)

Mavutsin - o primeiro homem















O primeiro homem (kamaiurá). No começo só havia Mavutsinim. Ninguém vivia com ele. Não tinha mulher. Não tinha filho, nenhum parente ele tinha. Era só. Um dia ele fez uma concha virar mulher e casou com ela. Quando o filho nasceu, perguntou para a esposa: É homem ou mulher? é homem. Vou levar ele comigo. E foi embora. A mãe do menino chorou e voltou para a aldeia dela, a lagoa, onde virou concha outra vez. - Nós - dizem os índios - somos netos do filho de Mavutsinim.

Mumuru – a estrela dos lagos













Maraí, uma jovem e bela índia, muito amava a natureza. À noite, ficava a contemplar a chegada da Lua e das estrelas. Nasceu-lhe, então, um forte desejo de tornar-se uma estrela. Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, veio a saber que Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas. Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Resolveu então aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago. Assim que esta apareceu, Maraí encantou-se com sua imagem refletida na água, sendo atraída para dentro do lago, de onde não mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a numa bela planta, ganhando o nome de Mumuru, a vitória-régia.



Os olhos de Aguiry




















"Aguiry era um alegre indiozinho, que alimentava-se somente de frutas. Todos os dias saía pela floresta à procura delas, trazendo-as num cesto para distribuí-Ias entre seus amigos. Certo dia, Aguiry perdeu-se na mata por afastar-se demais da aldeia. Jurupari, o demônio das trevas, vagava pela floresta. Tinha corpo de morcego, bico de coruja e também alimentava-se de frutas. Ao encontrar o índio ao lado do cesto, não hesitou em atacá-lo. Os índios encontram-no morto ao lado do cesto vazio. Tupã, o Deus do Bem, ordenou que retirassem os olhos da criança e os plantassem sob uma grande árvore seca. Seus amigos deveriam regar o local com lágrimas, até que ali brotasse uma nova planta, da qual nasceria o fruto que conteria a essência de todos os outros, deixando mais fortes e mais felizes aqueles que dele comessem. A planta que brotou dos olhos de Aguiry possui as sementes em forma de olhos, recebendo o nome de guaraná."

Fonte: Adaptação do livro: "Lendas e Mitos dos Índios Brasileiros", FTD Editora - Waldemar de Andrade e Silva.

Boa memória

Havia um índio no Xingu que era famoso por sua incrível memória. Um turista foi lá pra conferir. Chegou para o índio e perguntou:
- O que você comeu no café da manhã de 12 de dezembro de 1956?
- Ovos.
Como só era permitida uma pergunta por pessoa, o turista saiu meio desconfiado. 20 anos depois, esse mesmo turista, andando pelo Xingu encontra o mesmo índio sentado na rua. Surpreso, ele diz:
- Mas como??
- Fritos.

Indiozinho





Indiozinho nu na mata
Arco e flecha em sua mão
Foi caçar seu alimento
Indiozinho brincalhão

Indiozinho tão valente
Foi na vida se embrenhar
Curioso esse menino
Indiozinho a brincar

Indiozinho ficou triste
Quando viu tudo queimado
Sua tribo sentiu fome
Vi um Índio desolado.


de Narcelio Lima de Assis