quarta-feira, 22 de julho de 2009
Kerpimanha
Deusa-Anciã, Senhora dos Sonhos, que desce do céu, pelo caminho do Arco-Íris (durante o dia) ou pelos raios das estrelas (durante à noite) e entra no coração das pessoas enquanto dormem e só sai de lá depois que elas acordam.
Assim, quando uma pessoa acorda, encontra em seu coração o recado de Tupana, que a Velha deixou.
Contam os tupis que junto a Tupã, o deus dos deuses, capaz de dominar os raios e os trovões, morava uma deusa-anciã, chamada Kerpimanha.
A velha senhora, dona dos sonhos, desce do céu pelo caminho do arco-íris para trazer os sonhos que sonhamos, por vezes acordados durante o dia, e pelos raios da estrelas os que sonhamos durante a noite, em repouso.
Com um sopro de vida ela entra nos corações das pessoas e só sai de lá quando elas despertam, assim quando uma pessoa se lembra do seu sonho encontra o recado de Tupã que a velha deixou gravado no seu coração.
Boitatá
É "o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam". "...uma entidade de fogo que persegue os homens.
Espírito de gente ruim, que anda de rojo, flamejando. Faz perder a vista aos que o olham.
Quer dizer 'cobra de fogo'.
Faz-se notar à noite, especialmente nas proximidades do cemitério. Nada mais é que o fogo fátuo", ou emanações, luminescências, ou fosforescências, resultantes de combustão espontânea das gorduras dos animais putrefatos nos campos, ou mesmo nos cemitérios. Por isso, também é apresentado como um fantasma que surge nos campos.
Há outra explicação não tanto "técnica" para esse fogo fátuo: os habitantes do interior, antigamente, e também os índios, quando viajavam à noite, conduziam um tição que, para ir iluminando o caminho, iam sacudindo-no para que continuasse aceso, o que lhe dava a aparência de uma cobra-de-fogo noturna. Daí a palavra cobra-de-fogo, que se pronuncia mboi-tatá, mas não tem nada a ver com boi, e sim com cobra, de mbóy, cobra e de tatá, fogo. Há quem entenda que não decorre de "cobra", mas de mbaé, coisa.
O Padre Anchieta relatou-os como fantasmas "que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios e são chamados Baetatá", que quer dizer coisa-fogo.
É como "um facho cintilante", que acomete rapidamente os índios e os mata. Mas, além dos rios e do mar, é também bastante conhecido no interior, sobretudo nas campanhas do Rio Grande do Sul, atemorizando os gaúchos, que acreditam que ele é atraído pelo ferro e que, por isso, uma forma de combatê-lo é desatar o laço dos tentos e arrastá-lo pela presilha. O Boitatá é atraído pela argola arrastada e deixa de embaraçar o cavaleiro.
Diz-se que a forma "boitatá", cobra-fogo, é a mais correta, a mais coerente. Mas, tendo em vista a afirmação do Padre Anchieta, parece-nos que existam as duas formas.
Lenda da criação do Mar
Em remotas eras existiu um poderoso chefe chamado Yaia cujo
filho falecera. O desventurado pai resolveu , então , dar-lhe uma
sepultura diferente das em uso. Mandou vir uma gigantesca abóbora
(jerimu) , e nela imolou o seu filho estremecido, cercando-o de, todos
os rituais e usos do costume. A noite caiu como um véu fúnebre.
No dia seguinte o saudoso pai foi visitar o túmulo do filho. Ficou assombrado
com o que viu. Da sepultura do ente amado , um volumoso caudal brotara
e nas águas borbulhantes nadavam enormes peixes.As águas com violência
se alastravam , inundando a terra. Os homens para se salvarem foram
obrigados a subir as árvores.
Foi assim que o mar nasceu.
(Lenda indígena )
Orquídeas
22 de junho é dia de homenagear aquelas pessoas que cultivam essas belas flores.
No Brasil, os primeiros "cultivadores" de orquídeas foram as tribos indígenas.
Gostavam tanto da plantinha que faziam rituais com orquídeas e acreditavam em poderes mágicos e medicinais.
Além, é claro, de fazer uso da flor para cosméticos e enfeites.
domingo, 12 de julho de 2009
Glossário Indígena
A
* Aaru: espécie de bolo preparado com um tatu moqueado, triturado em pilão e misturado com farinha de mandioca.
* Abá (avá - auá - ava - aba): homem, gente, pessoa, ser humano, índio.
* Ababá: tribo indígena tupi-guarani que habitava as cabeceiras do rio Corumbiara (MT).
* Abacataia: peixe de água salgada, parecido com o peixe-galo.
* Abaçaí: perseguidor de índios, espírito maligno que perseguia e enlouquecia os índios.
* Abaetê: pessoa boa, pessoa de palavra, pessoa honrada.
* Abaetetuba: lugar cheio de gente boa.
* Abaité: gente ruim, repulsiva, estranha.
* Abanheém: (awañene) língua de gente, a língua que as pessoas falam.
* Abaquar: senhor (chefe) do vôo, homem que voa.
* Abaré: (aba - ré - rê - abaruna)amigo.
* Abaruna: (abuna)amigo de roupa preta, padre de batina preta.
* Abati: milho, cabelos dourados, louro.
* Acag: cabeça.
* Acará: (acaraú) garça, ave branca.
* Acaraú: acaraí, acará, rio das garças. Diz-se que a grafia com a letra u, com o som de iy).
* Acemira: acir, o que faz doer, o que é doloroso (moacir).
* Açu: (iguaçu, paraguaçu) grande, considerável, comprido, longo.
* Aguapé (tupi): (awa'pé) redondo e chato, como a vitória-régia, plantas que flutuam em águas calmas.
* Aimará: túnica de algodão e plumas, usada pelos guaranis.
* Aimirim: aimiri, formiguinha.
* Airequecê: lua.
* Airumã: estrela-d'alva.
* Aisó: formosa.
* Aiyra: filha.
* Ajubá: (itajubá) amarelo.
* Akitãi: (irakitã - muirakitã) baixo, baixa estatura.
* Amana: (amanda) chuva.
* Amanaci: (amanacy) a mãe da chuva.
* Amanaiara: a senhora da chuva ou o senhor da chuva.
* Amanajé: mensageiro.
* Amanara: dia chuvoso.
* Amanda: amana, chuva.
* Amandy: dia de chuva.
* Amapá: (ama'pá) árvore de madeira útil, e cuja casca, amarga, exsuda látex medicinal.
* Amerê: fumaça.
* Ami: aranha que não tece teia.
* Anauê: salve, olá.
* Andira: o senhor dos agouros tristes.
* Andirá: morcego.
* Anhangüera: diabo velho.
* Anomatí: além, distante.
* Antã (atã): forte.
* Anacê: parente.
* Anajé: gavião de rapina.
* Aondê: coruja.
* Ape'kü: (apicum) mangue, brejo de água salgada.
* Apoena: aquele que enxerga longe.
* Apuama: veloz, que tem correnteza.
* Aquitã: curto.
* Aracê: aurora, o nascer do dia.
* Aracema: bando de papagaios (periquitos, jandaias, araras).
* Aracy: a mãe do dia, a fonte do dia, a origem dos pássaros.
* Aram: sol.
* Arani: tempo furioso.
* Arapuã: abelha redonda.
* Arapuca: armadilha para aves.
* Araxá: lugar alto onde primeiro se avista o sol.
* Auá: (avá, abá) homem, mulher, gente, índio.
* Avaré: (awa'ré, abaré) amigo, missionário, catequista.
* Avati: gente loura (abati, auati).
* Awañene: (abanheém) língua de gente, a língua que as pessoas falam.
* Ayty: ninho (parati).
B
* Babaquara: tolo, aquele que não sabe de nada.
* Bapo: chocalho usado em solenidades.
* Baquara: sabedor de coisas, esperto.
* Biboca: moradia humilde.
C
* Caá: kaá, mato, folha.
* Caapuã: aquele ou aquilo que mora (vive) no mato.
* Caboclo: (kariboka) procedente do branco, mestiço de branco com índio (cariboca, carijó, caburé, tapuio).
* Caburé (tupi): kaburé, caboclo, caipira.
* Canoa: embarcação a remo, esculpida no tronco de uma árvore; uma das primeiras palavras indígenas registradas pelos descobridores espanhóis.
* Capenga: pessoa coxa, manca.
* Cari: o homem branco, a raça branca.
* Carió: procedente do branco, caboclo, antiga denominação da tribo indígena guarani, habitante da região situada entre a lagoa dos Patos (RS) e Cananéia (SP), (carijó).
* Carioca: kari'oka, casa do branco.
* Cuica: ku'ika,espécie de rato grande com o rabo muito comprido.
* Curumim: menino (kurumí).
D
* Damacuri: tribo indígena da Amazônia.
* Deni: tribo indígena aruaque(aruake), que vive pelos igarapés do vale do rio Cunhuã, entre as desembocaduras dos rios Xiruã e Pauini, Amazônia. Somam cerca de 300 pessoas, e os primeiros contatos com a sociedade nacional ocorreram na década de 60.
E
* Eçaí: olho pequeno.
* Eçaraia: o esquecimento.
* Etê: bom, honrado, sincero.
F
* Não há vocábulos.
G
* Galibi: tribo indígena da margem esquerda do alto rio Uaçá, Amapá.
* Geribá: nome de um coqueiro.
* Goitacá: nômade, errante, aquele que não se fixa em nenhum lugar.
* Guará (1): iguara, ave das águas, pássaro branco de mangues e estuários.
* Guará (2): aguará, aguaraçu, mamífero (lobo) dos cerrados e pampas (açu).
* Guarani (1): raça indígena do interior da América do Sul tropical, habitante desde o Centro Oeste brasileiro até o norte da Argentina, pertencente à grande nação tupi-guarani.
* Guarani (2): grupo lingüístico pertencente ao grande ramo tupi-guarani, porém mais característico dos indígenas do centro da América do Sul.
* Guaratinguetá: reunião de pássaros brancos.
* Guariní: guerreiro, lutador.
I
* I: água, pequeno, fino, delgado, magro.
* Iaé (kamaiurá): lua.
* Iandé: a constelação Orion.
* Iandê: você.
* Iba: (iwa, iua, iva) ruim, feio, imprestável (paraíba).
* Ibi: terra.
* Ibitinga: terra branca (tinga).
* Ig: água.
* Iguaçu: água grande, lago grande, rio grande.
* Ipanema: lugar fedorento.
* Ipiranga: rio vermelho.
* Ira: mel (iracema, irapuã).
* Iracema: lábios de mel (ira, tembé, iratembé).
* Irapuã: mel redondo (ira, puã).
* Ita: pedra (itaúna).
* Itajubá: pedra amarela (ita, ajubá).
* Itatiba: muita pedra, abundância de pedras (tiba).
* Itaúna: pedra preta (ita, una).
* Ité: ruim, repulsivo, feio, repelente, estranho (abaité).
* Iu: (yu, ju) espinho, (jurumbeba).
J
* Jabaquara: rio do senhor do vôo (iabaquara, abequar).
* Jacamim: ave ou gênio, pai de muitas estrelas (yacamim).
* Jaçanã: ave que possui as patas sob a forma de nadadeiras, como os patos.
* Jacaúna: indivíduo de peito negro.
* Jacu: (yaku) uma das espécies de aves vegetarianas silvestres, semelhantes às galinhas, perus, faisões.
* Jacuí: jacu pequeno.
* Jaguar: yawara, cão, lobo, (guará).
* Juçara: palmeira fina e alta com um miolo branco, do qual se extrai o palmito.
* Jurubatiba: lugar cheio de plantas espinhosas (ju - ru - uba -tiba).
* Jurubeba: planta espinhosa e fruta tida como medicinal.
* Jururu: de aruru, que significa triste.
K
* Kaapora: aquilo ou quem vive no mato, (caapora, caipora).
* Kamby: leite, líquido do seio.
L
* Laurare (karajá): marimbondo.
* Lauré (pauetê-nanbiquara): arara vermelha.
M
* Manau: tribo do ramo aruaque(aruake) que habitava a região do rio Negro.
* Manauara: natural de, residente em, ou relativo a Manaus (capital do estado do Amazonas).
* Mairá: uma das espécies de mandioca.
* Maní: deusa da mandioca, amendoim (maniva).
* Manioca: mandioca (a deusa Maní, enterrada na própria oca, gerou a raiz alimentícia).
* Mandioca: aipim, macaxeira, raiz que é principal alimento dos índios brasileiros.
* Maracá: mbaraká, chocalho usado em solenidades.
* Massau: uma das espécies de macaco, pequeno e de rabo comprido, (sagüi).
* Membira: filho ou filha.
* Motirõ: mutirão, reunião para fins de colheita ou construção.
N
* Nanbiquara: fala inteligente, de gente esperta.
* Nhe: nhan, falar, fala, língua.
* Nhenhenhém: nheë nheë ñeñë, falação, falar muito, tagarelice.
O
* Oapixana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima, nas fronteiras com a Guiana.
* Oca: cabana ou palhoça, casa de índio ( ocara, manioca).
* Ocara: praça ou centro de taba, terreiro da aldeia.
* Ocaruçu: praça grande, aumentativo de ocara.
P
* Pará (1): rio.
* Pará (2): prefixo utilizado no nome de diversas plantas.
* Paracanã: tribo indígena encontrada durante a construçao hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, Para.
* Paraíba (1): paraiwa, rio ruim, rio que não se presta à navegação.
* Paraibuna: rio escuro e que não serve para navegar.
* Paraná: mar.
* Pauá (tupi): (pawa, pava) tudo, muito, no sentido de grande extensão.
* Peba: branco,branca (tinga, peva, peua).
* Pereba: pequena ferida.
* Pernambuco: mar com fendas, recifes.
* Piauí: Rio de piaus (tipo de peixe).
* Pindaíba: anzol ruim, quando não se consegue pescar nada.
* Poti: camarão.
* Potiguar: pitiguar, potiguara, pitaguar, indígena da região nordeste do Brasil.
* Puã: redondo (irapuã).
* Puca: armadilha (arapuca, puçá).
* Puçá: armadilha para peixes.
Q
* Quecé: faca velha.
* Quibaana: tribo da região Norte.
R
* Raira: filho (membira).
* Ré: amigo (geralmente usado como sufixo: abaré, araré, avaré).
* Rudá: deus do amor, para o qual as índias cantavam uma oração ao anoitecer.
* Ru: folha (jurubeba).
S
* Sapiranga: olhos vermelhos, (çá: olhos, piranga: vermelhos).
* Sauá: uma das espécies de macaco.
* Sergipe: rio do siri.
* Surui: tribo do parque do Aripuanã, Rondônia.
T
* Tapuia: designação antiga dada pelos tupis aos gentios inimigos, índio bravio.
* Tembé: lábios (Iracema, iratembé).
* Tiba: (tiwa, tiua, tuba) abundância, cheio.
* Tijuca: lama, charco, pântano, atoleiro.
* Tinga: branco, branca.
* Tiririca: arrastando-se, alastrando-se, erva daninha que se alastra com rapidez.
* Tocantins: bico de tucano.
* Tupi (1): povo indígena que habita(va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio Amazonas e até o litoral.
* Tupi (2): um dos principais troncos lingüísticos da América do Sul, pertencente à família tupi-guarani.
* Tupi-guarani: um das quatro grandes famílias lingüísticas da América do Sul tropical e equatorial.
U
* Uaçá: caranguejo.
* Uaná: vagalume (urissanê).
* Ubá: canoa (geralmente feita de uma só peça de madeira).
V
* Vapidiana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.
W
* Wapixana: tribo do ramo aruaque do alto rio Branco, Roraima.
X
* Xaperu: tribo da região Norte.
* Xará: (X-rer-á) tirado do meu nome.
* Xavante: tribo indígena pertencente à família lingüística jê. Ocupa extensa área, limitada pelos rios Culuene e das Mortes, Mato Grosso.
* Xoclengue: tribo caingangue do Paraná (rio Ivaí).
Y
* Yacamim: ave ou gênio, pai de muitas estrelas (jaçamim).
* Yamí: noite.
* Yapira: mel (japira).
* Yara: deusa das águas, lenda da mulher que mora no fundo dos rios.
* Yasaí: açaí, fruta que chora.
* Yawara (tupi): jaguar, cão, cachorro, lobo, gato, onça.
Z
* Não há vocábulos.
Fonte: Fernando AP Silva
Coruja
quinta-feira, 9 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Mães
Na língua tupi existem váris nomes que especificam as qualidades maternas: Yacy, a Mãe Lua; Amanacy, a mãe da chuva; Aracy, a mãe do dia, a origem dos pássaros; Iracy, a mãe do mel; Yara, a mãe da água; Yacyara, a mãe do luar; Yaucacy, a mãe do céu; Acima Ci, a mãe dos peixes; Ceiuci, a mãe das estrelas; Amanayara, a senhora da chuva; Itaycy, mãe do rio da pedra, e tantas outras mães – do frio e do calor, do fogo e do ouro, do mato, do mangue e da praia, das canções e do silêncio.
As tribos indígenas conheciam e honravam todas as mães e acreditavam que elas geravam seus filhos sozinhas, sem a necessidade do elemento masculino, atribuindo-lhes a virgindade - o que também em outras culturas simbolizava sua independência e auto-suficiência. Em alguns mitos e lendas, as virgens eram fecundadas por energias luminosas em forma de animais (serpente, pássaro, boto), forças da natureza (chuva, vento, raios), seres ancestrais ou divindades.